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l'Orlando Furioso - Ludovico Ariosto :
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l' Orlando Furioso - Ludovico Ariosto :
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Água morrente - Camilo Pessanha :
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Parla anche tu - Paul Celan :
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Fala Também TuFala também tu,
fala em último lugar,
diz a tua sentença.
Fala —
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.
Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! —
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?
Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.
Paul Celan, in "De Limiar em Limiar"
Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno
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Le vase brisé - Sully PRUD'HOMME :
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O VASO PARTIDO
O vaso azul destas verbenas,
Partiu-o um leque que o tocou:
Golpe sutiu, roçou-o apenas
Pois nem um ruído revelou.
Mas a fenda persistente,
Mordendo-o sempre sem sinal,
Fez, firme e imperceptivelmente,
A volta toda do cristal.
A água fugiu calada e fria,
A seiva toda se esgotou;
Ninguém de nada desconfia,
Não toquem, não, que se quebrou.
Assim, a mão de alguém, roçando
Num coração, enche-o de dor,
E ele se vai, calmo, quebrando,
E morre a flor do seu amor;
Embora intacto ao olhar do mundo,
Sente, na sua solidão,
Crescer seu mal, fino e profundo,
Já se quebrou: não toquem, não.
Sully Prudhomme
Trad. Guilherme de Almeida
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SONETO AMOROSO DEFENDENDO O AMOR - FRANCISCO QUEVEDO :
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É gelo abrasador, fogo gelado,
é ferida que dói e não se sente,
é um sonhado bem, um mal presente,
é um breve descanso fatigado;
é um sossego que nos dá cuidado,
um cobarde com nome de valente,
solitário andar por entre gente,
um amar nada mais que ser amado;
é uma liberdade encarcerada,
que dura até ao último momento;
doença que piora se é tratada.
Este o menino Amor, o seu tormento.
Vede a amizade que terá com nada
o que em tudo vai contra o seu intento!
Francisco Quevedo, in 'Antologia Poética'
Tradução de José Bento
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I Carry Your Heart With Me - E. E. Cummings :
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Eu carrego o seu coração comigo
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Eu o carrego no meu coração
Nunca estou sem ele
Onde quer que vá, você vai minha querida
E o que quer que eu faça sozinho
foi você, minha querida
Não temo o meu destino
Porque você é o meu destino, meu doce
Eu não quero o mundo por mais belo que seja
Porque você é meu mundo, minha verdade
Este é o maior dos segredos que ninguém sabe
Você é a raiz da raiz
O botão do botão
E o céu do céu
De uma árvore chamada vida
Que cresce mais alto do que a alma pode esperar
Ou a mente pode esconder
E esse é o milagre
Que mantém as estrelas à distância
Eu carrego o seu coração comigo
Eu o carrego no meu coração.
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Como eu te amo ! - Gonçalves Dias :
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Como se ama o silêncio, a luz, o aroma,
O orvalho numa flor, nos céus a estrela,
No largo mar a sombra de uma vela,
Que lá no extremo do horizonte aponta;
Como se ama o clarão da branca lua,
Da noite a mudez os sons da flauta,
As canções saudosíssimas do nauta,
Quando em mole vai e vem a nau flutua;
Como se ama das aves o gemido,
Da noite as sombras e do dia as cores,
Um céu com luzes, um jardim com flores,
Um canto quase em lágrimas sumido;
Como se ama o crepúsculo da aurora,
O manso vento que nos bosques rondeia,
O sussurro da fonte que passeia,
Uma imagem risonha e sedutora;
Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncios e cores, perfumes e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus.
Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-te os lábio meus, - mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em tí. - Por tudo quanto sofro,
Por quando já sofri, por quanto ainda
Me resta sofrer, por tudo eu te amo!
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Alla sera - Ugo Foscolo :
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À Tarde
Talvez por seres, para mim, a imagem
da quietude fatal, vem, sê bem-vinda.
Ó Tarde! E - quando te corteja a aragem
e os cirros estivais e quando, ainda,
trazes do ar nebuloso trevas que agem
sobre o mundo, ao tremor de luz que finda,
e me acolhes, na mais secreta viagem
da alma - eu te sinto, assim tão suave e linda.
Conduzes minha mente, numa prece,
ao eterno vazio; e o tempo ruim
foge e leva consigo e faz que cesse
a ânsia que me envolvia. A paz, enfim!
E, enquanto a paz me deixas, adormece
o espírito feroz que há dentro em mim.
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Tomás António Gonzaga :
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Lira III
Tu não verás, Marília, cem cativos
tirarem o cascalho e a rica terra,
ou dos cercos dos rios caudalosos,
ou da minada serra.
Não verás separar ao hábil negro
do pesado esmeril a grossa areia,
e já brilharem os granetes de oiro
no fundo da bateia.
Não verás derrubar os virgens matos,
queimar as capoeiras inda novas,
servir de adubo à terra a fértil cinza,
lançar os grãos nas covas.
Não verás enrolar negros pacotes
das secas folhas do cheiroso fumo;
nem espremer entre as dentadas rodas
da doce cana o sumo.
Verás em cima da espaçosa mesa
altos volumes de enredados feitos;
ver-me-ás folhear os grandes livros,
e decidir os pleitos.
Enquanto revolver os meus consultos,
tu me farás gostosa companhia,
lendo os fastos da sábia, mestra História,
e os cantos da poesia.
Lerás em alta voz, a imagem bela;
eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
gostoso tornarei a ler de novo
o cansado processo.
Se encontrares louvada uma beleza,
Marília, não lhe invejes a ventura,
que tens quem leve à mais remota idade
a tua formosura.
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. Quiz LI
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. Fotos que rimam
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. TribruDragon